Dieta cetogênica

TERAPIAS CETOGÊNICASGORDURAPROTEÍNACARBOIDRATO
DC  Clássica 4:190%6%4%
DC Clássica  3:187%10%3%
DC Clássica  2:182%12%6%
DC Clássica  1:170%15%15%
Atkins Modificada65%29% – 32%3% – 6%
DBIG60%28%12%
TCM50 % TCM,                             21% TCL19%10%

 Tabela acima: DC (dieta cetogênica); DBIG (dieta de baixo índice glicêmico); TCM ( triglicerídeo de cadeia média ). 

Não. Pessoas que tenham deficiência na metabolização das gorduras têm contraindicação absoluta à terapia cetogênica, como é o caso de deficiência da beta-oxidação, deficiência de carnitina, deficiência de piruvato carboxilase etc. Tais condições são diagnosticadas por meio de exames laboratoriais específicos solicitados previamente ao início da terapia cetogênica, principalmente em pessoas com epilepsia sem etiologia definida. 

Os fármacos anticrise deverão ser suspensos ao iniciar a terapia cetogênica?

Não. A terapia cetogênica é iniciada mantendo-se os medicamentos vigentes. A única alteração que será orientada pelo médico será a substituição dos fármacos anticrise veiculados em xarope ou suspensão para aqueles formulados em comprimido, já que a maioria dos medicamentos líquidos contém carboidrato nos excipientes (sacarose, sorbitol etc.).

Quais alimentos permitidos na terapia cetogênica?

As terapias cetogênicas são indicadas às pessoas que se alimentam tanto via oral, quanto enteral ou parenteral. Os grupos de alimentos permitidos abrangem: frutas, legumes, verduras, carnes, queijos, ovos e oleaginosas (amêndoas, macadâmia, nozes, etc.). Cereais (arroz, trigo, aveia, etc.), tubérculos (batata, mandioca, etc.) e leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha, etc.) serão consumidos em menor proporção ou até mesmo restringidos da dieta a depender da fração cetogênica. Pessoas que se alimentam via enteral podem utilizar fórmula industrial cetogênica cuja posologia é definida pelo nutricionista de acordo com as necessidades nutricionais do paciente. 

O que são, e qual a função dos corpos cetônicos?

Os corpos cetônicos são produzidos metabolicamente pela “quebra” das gorduras (ácidos graxos) no fígado. Dizemos que o indivíduo está em cetose quando apresenta aumento da concentração de corpos cetônicos no organismo. E, como dissemos anteriormente, esse aumento está diretamente relacionado a uma dieta com alto teor de gorduras e baixo teor de carboidratos. É possível medir a cetose na urina, sangue ou respiração. A forma mais comum e barata é na urina, no qual se utiliza fitas reagentes que alteram de cor conforme a concentração de corpos cetônicos (acetoacetato) presentes, indicando o valor aproximado da cetonúria (cetose urinária). A aferição da cetose sanguínea (beta-hidroxibutirato) é feita pela punção de uma gota de sangue na face lateral do dedo e seu resultado é determinado por um aparelho. Embora seja o método mais fidedigno, é oneroso e pode causar desconforto. A cetose respiratória (acetona) é pouco utilizada no Brasil, porém também é um método válido e eficaz.

É verdade que precisa restringir água na terapia cetogênica?

Não. A restrição hídrica era recomendada na década de 90 pois achava-se que a ingestão de água poderia prejudicar a produção de corpos cetônicos, porém sabe-se atualmente que a recomendação hídrica diária pode e deve ser atingida de acordo com as necessidades de cada pessoa, seja via oral ou enteral. 

A suplementação é necessária durante a terapia cetogênica?

Sim. A suplementação de vitaminas e sais minerais é indispensável durante todo o tratamento, visto que as terapias cetogênicas não atingem as recomendações diárias de micronutrientes.

A terapia cetogênica pode causar efeitos adversos?

Assim como os medicamentos, a terapia cetogênica também pode causar efeitos adversos. Os mais comuns são os de ordem gastrointestinal, como obstipação (prisão de ventre), diarreia, náusea e vômitos. A médio e longo prazo é comum o aumento na concentração de colesterol LDL e/ou triglicérides no sangue (hipercolesterolemia e/ou hipertrigliceridemia). Em menor incidência também pode cursar com cálculos renais e esteatose hepática (acúmulo de gordura nas células do fígado). É importante ressaltarmos que os efeitos adversos são manejáveis e não implicam na suspensão da terapia cetogênica. 

É necessário internar para iniciar a dieta cetogênica clássica?

Não. A princípio a dieta cetogênica clássica pode ser iniciada tanto ambulatorialmente quanto durante a internação. Embora ambas sejam igualmente eficazes a longo prazo, a forma ambulatorial é mais frequentemente indicada nos centros de epilepsia do Brasil. A forma ambulatorial é iniciada gradativamente em consultas, respeitando a adaptação do organismo de cada paciente. Ou seja, inicia-se na fração 1:1 (uma parte de gordura, para uma parte de carboidrato mais proteína) ou 2:1 (duas de gordura e uma de carboidrato mais proteína) e evolui progressivamente até atingir a fração de melhor resultado. Este processo leva aproximadamente um mês. A internação está mais indicada naqueles pacientes que estão com alguma complicação decorrente da doença e necessitam dar início urgente ao tratamento, por exemplo, estado de mal epiléptico.

Qual o período de tratamento da terapia cetogênica?

Considerando que a adaptação metabólica à terapia cetogênica varia de três a quatro meses, é imprescindível que este período seja alcançado para que a equipe possa determinar se o tratamento deverá ser suspenso ou mantido. A suspensão será indicada naqueles que não apresentarem melhora do padrão das crises epilépticas. Aqueles que obtiverem melhora clínica deverão realizar o tratamento pelo período médio de 2 a 3 anos, podendo este ser antecipado ou estendido de acordo com o tipo de epilepsia/síndrome epiléptica, adesão à dieta, etc. Após completar o tratamento cetogênico, o paciente poderá seguir uma dieta padrão ocidental ou até mesmo uma dieta reduzida em carboidratos não cetogênica a depender da avaliação nutricional.

Quem são os profissionais responsáveis pelo tratamento cetogênico?

É fundamental que a terapia cetogênica seja acompanhada pelo neurologista/neuropediatra e pelo nutricionista especializado na área. Lembrando que a cetogênica é um tratamento e, portanto, deve ter indicação médica. O nutricionista poderá prescrever a terapia cetogênica mediante encaminhamento médico. O tratamento poderá ser melhor conduzido na presença de equipe multidisciplinar conforme necessidade clínica de cada paciente, como é o caso do terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo etc.

As crises epilépticas retornarão após o término do tratamento?

Um tratamento é considerado satisfatório quando reduz as crises pelo menos pela metade da sua frequência (50%). Ou seja, uma pessoa que apresenta 50 crises ao mês passaria a 25 crises nesse mesmo período. Espera-se que as crises permaneçam controladas após o término do tratamento, podendo haver alterações sutis no número, intensidade e duração das crises epilépticas, porém inferiores ao período anterior à dieta.

A pessoa poderá manter suas atividades diárias (estudo, trabalho, reabilitação)?

Sim. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, é totalmente possível manter as atividades do dia-a-dia e o convívio social durante a terapia cetogênica, isso porque as opções de receitas e a comercialização produtos reduzidos em carboidrato são grandes hoje em dia. Lembrando que a dieta não pode ser interrompida em nenhum momento pelo risco de escapes de crises, ou seja, os conhecidos “dia do lixo” são totalmente proibidos durante o tratamento.

Como realizar a dieta cetogênica no período escolar?

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